"Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas... Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeira companhia...".
Friedrich Nietzsche
Não tem jeito, eu sei que a figura que vou usar é lugar comum, mas é tão certo e presente que não dá para começar de outra forma: estudar psicologia e colocar isso em prática no cotidiano muda a forma como vemos as pessoas, as relações entre elas, nossas relações com as pessoas, com o mundo, e em essência conosco.
Certezas viram dúvidas pois as reflexões batem fundo nos alicerces da nossas Psique, muitas vezes de uma forma que chegamos a pensar que não sobrará nada do antigo edifício, porém a consciência se reorganiza e fortalece com um entendimento e vivência mais amplos, e com isso vamos não apenas sobrevivendo, mas muito além disso passamos a entender as situações, as pessoas, os pensamentos e realidades que acreditávamos entender antes, e nos damos conta que tínhamos um contato apenas superficial com essas "realidades".
Esse entendimento destrói e reconstrói, enche a gente inicialmente de dúvidas para depois nos deixar com as perguntas que nos direcionam para um entendimento expandido. Esse entendimento se estende além de nós, e o nosso viver ganha um colorido diferente. Observar pessoas e suas relações ganha outro significado, e não coloco aqui nenhuma intenção de analisar, apenas passamos a ver coisas que não víamos antes.
Isso tem seu preço, pois em certas situações preferiríamos não perceber tantas nuances e situações, principalmente nos contextos que estamos mais fortemente inseridos. Quantas vezes nos últimos anos me peguei ouvindo pessoas conversando ou discutindo manifestando algo na superfície de suas personalidades, mas além disso com sua presença, seu corpo, suas expressões, suas escolhas do que falar e como falar, suas escolhas do que "ouvir" do outro e do que 'ignorar" (conscientemente ou não) manifestando realidades muitas vezes extremamente diferentes do que procuravam aparentar.
Alguém em uma fila sendo rude com algum atendente, e ao receber um tratamento um pouco mais ríspido atribui a grosseria exclusivamente ao outro. Curioso como colhemos o que semeamos, e muitas vezes não percebemos. Vivemos nossas rotinas algumas vezes ausentes, ou como diria um amigo "de corpo presente", e quando colhemos os resultados não entendemos o que recebemos, e não assumimos a responsabilidade pelos nossos resultados.
Estou cansado de ver monólogos a dois no dia a dia, é como se as pessoas estivessem falando para elas mesmas sem de fato perceber o que o outro pensa, sente e espera. Depois responsabilizamos o outro pela incompreensão e infelicidade. Ninguém é inocente, todos somos responsáveis, e como tal podemos fazer diferente e aumentar a qualidade de nossas vidas e relacionamentos.
Estar atento, presente e consciente do agora é talvez a chave que abriu a porta da Psicologia para mim, e os conhecimentos que estão sendo incorporados a partir daí com as diferentes matrizes teóricas são as lentes que permitem aproximar a realidade e identificar padrões de comportamento e suas consequências.
Muito a estudar, muita vida para viver, e uma interessante viagem pela frente. Férias fazem bem para pensar. Onde será que isso tudo vai nos levar???
"Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas
coisas que se começam sem saber como acabarão".
Jean-Paul Sartre
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