Tu, que não és senhor do teu amanhã, não adies o momento de gozar o prazer possível! Consumimos nossa vida a esperar e morremos empenhados nessa espera do prazer.
Epícuro
Essa foto diz muito para mim, e tem uma conexão com o tema que talvez eu não consiga capturar, mas tenho total convicção que vale a pena tentar capturar. Mesmo se eu falhar terei desafiado e expandido minha capacidade de reflexão e exposição, então mãos à obra!!!
Quantas vezes nos torturamos por não conseguir aquilo que desejamos? Quantas vezes já não sofremos por não ter nossos desejos satisfeitos? Seria possível segurar o Sol com as mãos? Seria a vida uma gigantesca sala de Ames que estaríamos condenados na qual o que nos excita não pode ser alcançado pois são tantas as ilusões que não conseguimos identificar como chegar lá? Será que sabemos onde fica lá?
Na última aula do Professor João Baptista falamos bastante sobre isso (entre outras viagens). Alguns elementos que foram trazidos do filósofo Espinoza trouxeram uma luz diferente ao assunto, o que me fez pensar bastante.
Por exemplo, pelo que discutimos em aula o conceito de "desejo" seria entendido como querer satisfazer uma necessidade, e, o que é curiosamente paradoxal, ele não implica necessariamente na satisfação dessa necessidade, é apenas um querer satisfazer. Doido não é mesmo? Mas pensando bem acredito que isso sintetiza exatamente o que o desejo representa, mas eu nunca havia pensado sob esse prisma antes.
Na aula o professor falou o mesmo de uma forma mais "caliente" - desejo é quando você quer obter um gozo. Nem preciso dizer que a classe entrou em êxtase com essa colocação - sem duplo sentido ;oP
O gozo seria o desfrutar de um prazer, a conquista da satisfação de uma necessidade ou de um capricho, e finalmente a realização do desejo.
A coisa toda fica mais complexa de entender quando colocamos o conceito de "vontade" na receita. Segundo o que pude captar da aula a vontade é a ação desejante visando obter um gozo.
Ação desejante, o que seria isso? Refletindo cheguei à conclusão que a vontade vai atrás de concretizar, satisfazer ou conquistar aquilo que é desejado, enquanto que o desejo tem uma neutralidade até certo ponto contemplativa e desvinculada da realização.
Li em algum lugar há muito tempo que mudamos e evoluímos mais eficazmente quando amparados pelo binômio dor/prazer, ou seja, quando buscamos satisfazer um prazer e nos afastar da dor caminhamos adiante em nossa evolução enquanto seres humanos.
Mas ficou um componente enroscado em alguma das minhas sinapses budistas: como ficaria toda essa equação se não existisse o apego? Seria possível o gozo sem o apego, ou seja, chegar a desfrutar algo sem ter passado pelo processo de desejo? Começo a entender mais o que Buda deixou de ensinamentos com relação ao desapego!!!
Tenho que ler mais Espinoza, tanto para a resenha da Vivian quanto para dar sequência nesta viagem. Vou tentar dedicar um dos próximos posts para arrendondar essa bola que ainda está quadrada na minha cabeça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.